quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O morro

O homem que alimenta a fera
Se esforça para a criação
De um futuro de ouro
que se sonha por ocasião.
Mas o homem é interrompido
Pois nesse ambiente ambíguo
A fera é o patrão
E o peso dessa fera
É seu prato e seu pão.
...
O homem levanta e grita
Incorformado com essa situação
Mas a força de sua voz
Não arranha o casarão.
E assanha a ira da fera
E arranha e decência do cidadão
Com garras de fome e miséria
O contribuinte se vê, e diz não
Para a utopia esquecida
Que mesmo na luta árdua
Não existe, é invenção.
...
-Onde está o meu espaço ?
Pergunta o cidadão
Nesse Brasil estrangeiro
Que acolheu a nobreza
E amontoou a população
Em cantos, como restos de animais
Sem estudo, saneamente e condição.
Mas o brasileiro é forte
E mesmo sem acesso, sem instrução
Consegue escrever seu nome
E pagar pela miséria da nação.
...
Sem escolha e sem apoio
O homem faz a opção
De viver no mundo por sí
E da forma como consegue
É tratado como vilão
De uma história trágica
Não como as de Shakspeare
E sim como as da escravidão
Que foi dita como abolida
Mas se de fato fosse verdade
A fera não engolia o cidadão.
-E ouçam bastante atentos!
O perigo vem do morro!
E não do casarão.
...
A situação piora
E o homem sem solução
Alimenta e acolhe seus filhos
Num contexto de disfunção
Sem segurança, sem dignidade e sem educação.
Pois ele sonha um futuro
Para a esposa, os filhos e os que virão
Mas o que realmente os aguardam
O homem desconhece a razão.
E sonhando um filho médico
O que temos é descaso, é ilusão
Pois os pobres daquele morro
Se não marginalizados, se marginalizarão.
Então quero que me ouçam atentos!
O perigo vem do morro ?
Ou vem do casarão ?

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