quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O meu nariz

Daqui de cima, assisto sua derrota
Sua inocência indolente
Seus traços mal acabados e disformes
Sua vida fútil num plano nulo.

Ouço daqui, a entoação incômoda de sua voz
Os rumores que da sua alma emanam
Seus disparates mirins.
És uma serenata de ócio e amargura
Mergulhado em sonoros agudos de descasos...

Sinto também seu cheiro podre
Mesmo que me abstendo de desgostos...
Esse ar pútrido que assopra sua consciência
E escurece o que de melhor existe em você:
-Seus órgãos em conserva fúnebre.

E me recuso te tocar
Pois lhe sinto com enfado antecipado.
Suas lepras se dissolvem em seu caráter.
Sua ausência é sua essência
Demasia é seu santo nome descartável.

Me abstenho do seu sabor
Que é tão amargo quanto sua existência.
E cuspo em sua face dissolvida em creolina
Que mata, se não apenas bicharia, a bicharia da sua índole...
Justifique seu eu, com o eu que você não possui.

Bem, provado sua irrelevância
Encaro meu próprio eu, que em mim não encontro nada.
E busco meu eu nos seus adjetivos ganhos,
E percebo que sou eu refletido em você...
Mas as minúcias que são minhas são cultivadas além
Pois quem está para definhar
Definha o objeto ativador
De nossa alma falida
Que de frente para nós
Reflete o vazio de nossa existência mal concluída.

E enxergo além... por cima do meu nariz.

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