terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O dia que senti o demônio – Parte 2

Corri pra escada que ficava a esquerda da porta de saída, e ela se encontrava com uma placa que dizia: “Porque correr da peste e da desgraça?”. Assustei-me, e rapidamente subi as escadas tentando não ser coberto por aquele mar de sangue. O cheiro me fazia tremer as pernas e eu mal conseguia lutar contra minha fraqueza espiritual. A sensação era incômoda.
Consegui me arrastar até o segundo andar daquela catedral, e o sangue já tinha tomado conta de todo o chão, formando uns 20 centímetros de altura de puro pecado e injustiças. Eu via além dos meus olhos, como se minha percepção para a realidade tivesse sido alterada. A questão é que aquela suposta fantasia me mudava e me alertava no meu plano normal, de forma que eu nem estava conectado com meu mundo naquele momento. Isso me aterrorizava.
Lá de cima avistei uma canoa que desviava das madeiras quebradas e dos bancos que flutuavam sobre o sangue. Tive medo de fitar aquele ser, mas logo percebi que era minha namorada com uma manta preta. Senti uma dor dentro de mim, e quis ajudá-la. Fiquei olhando para ela, mas sem qualquer movimento senão as mãos remando, ela olhava para frente e o véu cobria quase todo seu rosto. Sentia que o mal queria me enganar, e fui com cautela avistar mais de perto o que realmente acontecia com ela.
-Amor, o que esta acontecendo, esse é meu sonho, e se não for, o que aconteceu?
Ela sorriu, só dava pra avistar sua boca, e remando em minha direção, pude perceber que ela não tinha mais dentes, e os que tinha, caía pelo seu queixo e espirrava o sangue quando em contato com o mar. Logo ela esboçou com um sorriso frouxo e maléfico a impureza daquele lugar.
Senti que o demônio conhecia meus pontos de fraqueza que eu jamais tinha descoberto. Nada precisava se conectar pra me causar tamanho medo e susto.
Tentei expulsar aquelas visões e consegui, mas não me livrara da catedral, eu estava perdido em meio ao pecado, ali todas as formas de impureza poderiam se manifestar.

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